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Descrição

Água, energia em fluxo constante, é presença recorrente nas pinturas e desenhos de paisagens de Iberê Camargo, realizadas na sua juventude e durante sua formação em Porto Alegre, de 1940 a 1942, antes de partir para o Rio de Janeiro. São águas de diversos lugares, especialmente do Guaíba, da região à beira do antigo riacho e do Rio Jaguari. Através delas, o artista já mostrava por onde seguiria, tanto em seus recursos plásticos como em suas interrogações. Mesmo jovem, sente e sabe que o caminho do artista se faz pela experiência do desconhecido, e seguirá nessa busca. “Lanço-me na pintura e na vida por inteiro, como um mergulhador na água”, chegou a dizer. É um período de esboços rápidos, em que investe em variados caminhos, e das pinturas sem retoques, de quando se encontra com a intensidade e a materialidade da cor, ao ar livre, mantendo-se vinculado, ainda, à figuração.

A afinidade com a arte que uniu Iberê Camargo e sua esposa, Maria Coussirat Camargo, se mostra de modo singular, pois aqui estão juntos, no mesmo espaço, cada um com sua experiência artística. As pinturas inéditas das paisagens de Maria Coussirat Camargo se inserem na temática das águas e foram produzidas no mesmo tempo das obras de Iberê. Após seu casamento, Maria abdicaria de seu caminho como artista e passaria a preservar a obra de seu marido. Foi graças à sua tenacidade e dedicação que concretizou uma ideia já acalentada pelo artista: a criação da Fundação Iberê Camargo.

Blanca Brites
Gustavo Possamai
Curadores