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Descrição

Esta exposição foi concebida por ocasião dos 70 anos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), fundado em 27 de julho de 1954. Ela aborda a longeva relação entre Iberê Camargo (1914-1994) e o Museu, destacando também a parceria entre ambas as instituições.

Iberê participa da exposição de estreia do MARGS, em 1955, ocasião em que teve obras suas adquiridas para o acervo do Museu. Nas décadas seguintes, ele ganharia mostras individuais, um livro monográfico, participaria de inúmeras exposições coletivas e ministraria cursos. Teria também o ingresso de outras obras suas no acervo por meio de compra, transferência e doação, além de um espaço de guarda de parte de seu arquivo pessoal, o qual destinou à instituição em 1984. Foi também no MARGS que ocorreu sua despedida, com o velório público, que teve lugar nas Pinacotecas, o espaço mais nobre e solene do Museu.

Vem desse longevo e profundo histórico de relação o título desta exposição, inspirado em um dos mais importantes eventos no MARGS relacionados ao artista: a mostra Iberê Camargo: trajetória e encontros. Realizada em cooperação com a Funarte em 1985, cumpriria itinerância pelo Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Galeria do Teatro Nacional de Brasília, celebrando Iberê como o maior pintor vivo do Brasil. Ela se deu no lastro das comemorações de seus 70 anos, que incluíram uma retrospectiva apresentada pelo próprio MARGS em 1984 e o lançamento do livro Iberê Camargo em 1985, considerado, ainda hoje, uma das mais completas publicações de referência sobre o artista.

Entre a preparação desta exposição e sua abertura, o Rio Grande do Sul foi vítima do maior desastre natural de sua história. Uma tragédia resultante da devastação de grande parte do Estado, cuja enchente em Porto Alegre atingiu o andar térreo do MARGS, momentos antes do resgate e salvamento de obras do seu acervo, entre as quais as de Iberê aqui apresentadas.

Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros parte exatamente deste conjunto de obras, composto por seis pinturas e um guache, recentemente incorporado ao acervo. Essas obras são apresentadas em diálogo com outras pertencentes à Fundação Iberê – a maioria delas exibidas pela primeira vez –, juntamente com fotografias do artista, de modo a oferecer um percurso em segmentos, identificados conforme os textos que as acompanham.

Além de trazer novos sentidos a esta exposição, o trágico contexto do Rio Grande do Sul ressoa no posicionamento público de Iberê, ligado à urgência de uma “consciência ecológica”. É pelo olhar dele que podemos renovar o apelo, em nome das instituições de memória e enquanto sociedade, a um compromisso definitivo com a preservação da arte e do meio ambiente.

 

Francisco Dalcol
Gustavo Possamai
Curadores